- Lavar a
batedeira, as xícaras e as várias tigelas e colheres que se usam para fazer um
bolo é infinitamente mais rápido do que lavar a louça do almoço. É um mistério.
- Nunca
haverá espaço suficiente para acomodar todos os utensílios que serão usados para fazer o bolo porque você
pode ter uma cozinha cenográfica mas vai se apegar a um determinado cantinho e ficará tudo
acumulado ali. Bolo
é sinônimo de bagunça.
- Por mais
cuidadoso que você seja, sempre haverá vestígios de farinha pela cozinha,
desista. Cozinha boa é cozinha suja.
- O melhor
jeito de diminuir a ansiedade para tirar o bandido do forno é achar alguma
coisa para fazer enquanto ele assa.
- Mas nunca,
nunca abandone seu bolo nos primeiros 20 minutos de forno. São os primeiros
sete anos de vida de uma criança! Eu costumo não sair da cozinha antes de completados 20 minutos.
- Se uma
receita deu certo, não faça como eu e fique testando outras loucamente, fique
com ela e seja feliz. É o que pretendo fazer depois que essa fase passar.
- Às
vezes seu marido vai achar que você enlouqueceu (ele vai esquecer depois
da primeira garfada).
- Não conte a
sua avó que você anda fazendo esses testes, ela vai achar um absurdo. Avós, de
maneira geral, nunca aprenderam a fazer bolo e nem imaginam como esse processo é
trabalhoso, já nasceram sabendo.
- Você vai
cometer todos os erros possíveis. Em algumas ocasiões vai até identificar que está
errando no ato, mesmo assim vai até o fim. O negócio é que provocar a
massa, diminuir a canela, peneirar
hoje amanhã não, açúcar cristal em vez de refinado, ovos meio gelados, sem esse exercício de
liberdade, irresponsabilidade e teimosia não se formam boleiros péssimos, ótimos nem medíocres.
- Não se contente com um bolo medíocre. Pra mim tem sido assim: em média é preciso fazer a mesma receita quatro vezes para chegar ao resultado desejado.
- Piores
catástrofes: 1 - errar o bolo de banana na véspera e no dia do aniversário
dele; 2 - assar o bolo da festa dele junto com os pés do novo fogão; 3 - perceber que o bolo de laranja está
crescendo além da forma, tentar tirar o excesso com uma colherzinha enquanto o
bolo assa e ainda assim deixar metade do bolo de laranja grudado no forno.
Colocar o bolo no forno sem fermento, esquecer o óleo, exagerar na cenoura, esquecer o açúcar, não
lembrar se já colocou duas xícaras de farinha ou só uma....
- As grandes
vitórias guardo comigo como ingredientes secretos que me acompanham a cada nova mistura.
- Se a sua gata se aproximar de você durante a feitura é um ótimo sinal. A Abacaxi é minha crítica mais honesta.
- Todas as
etapas são prazerosas, mas de tudo o que mais me alegra é a hora de acrescentar
a farinha. E mexer...
- Aprendi que
relaxar é diferente de se distrair. Relaxar fazendo bolos é permitido, se
distrair jamais.
- Antes de
colocar um bolo no forno, na
hora em que abro o fogão e vem aquele calorzão, eu paro um instante, olho pro
bolo e lhe desejo “boa sorte”. Porque todo
bolo é uma aventura, mesmo que você já saiba a receita de cor,
use ovos na temperatura ambiente, peneire os ingredientes secos, possua um belo forno e tenha um fermento
estalando de novo.
- Viver é
perigoso, fazer bolos também é. Mas não há erro,
sujeira ou tempo perdido que não tenha deixado a casa cheirosa e a forma cheia.
Nota: Devo esse post a um homem que, por amar muito bolo quente de manhã, fez nascer em mim a vontade de aprender a fazer um.
E a uma grande cozinheira que tem sido para mim nada menos que a Árvore Generosa.
foto:
meu quarto bolo de cenoura, feito hoje
2 comentários:
Lindo como brigadeiros feitos em festas para aniversário de gato adotado (e que não se sabe ao certo quando ele nasceu).
a casa cheirosa que constrói paredes de algodão no coração de quem chega, quem passa e quem está por ali, - independentemente do bolo dar certo ou errado -, prá mim, é o melhor...
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