terça-feira, 11 de janeiro de 2011

life grows up everywhere


Sempre é assim: entro no carro alugado e penso que só posso ter parentesco com a Maria Louca. Vou dirigir sozinha durante quase um mês por rodovias de um estado onde nunca rodei os pneus. Distribuo meus amuletos pelo carro, boto um chaveiro bonito na chave e telefono para os queridos dizendo que cheguei e ligo quando me instalar nalgum lugar. Os semáforos são diferentes, as placas são diferentes, o ar é diferente. A sensação erma desaparece, porém, quando empurro a quinta marcha. Sinto uma pontada gostosa, um hit the road, Jack tocando no rádio. Como num filme hollywoodiano, rapidamente me familiarizo com os semáforos, as placas, o ar, o acento, o horário que o sol decide se pôr, o baile das plantas recostadas às estradas. Lá pelo quarto dia, já estou integrada à multidão, uma legítima alagoana, uma caipira da gema. Então eu volto para casa, caem as folhas do calendário e o tempo varre as lembranças. Eu sei onde encontrá-las, estão lá na lixeira de número 2 ou 9, mas às vezes acho essa história de vida dividida em três tempos uma crueza.

Obs. se esse post cantasse, entoaria "life grows up, everywhere...", do The Gilbertos.

Foto: escada para a Igreja da Penha, no Rio de Janeiro.

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