sexta-feira, 3 de junho de 2011

As Pontes de Torres


Era noite, dormia no salãozinho e me deu vontade de buscar alguma coisa dentro de casa. Mas a escuridão não me impediu de atravessar o jardim escuro e fui andando sorrindo com os braços erguidos, tateando o ar para evitar esbarrões. E cheguei. Acordei feliz, é raro não sentir medo em sonhos (quantas vezes não inconscientemente me tranquei no banheiro daquele mesmo salãozinho, afungentada por cachorros invocados). Mas nesse sonho, não, não pensei duas vezes e atravessei. Em fevereiro, atravessei a ponte pênsil que interliga os litorais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e atravessei a fronteira dos 20 e poucos para os 20-e-bem-feitos. Aí fiz uma mistura boa (tipo a de ontem na panela, queijo brie, shiitake, manteiga e uma pimenta do reino que não deveria estar ali e foi perfeita). Pensei um sonho é impreciso e desconfiado como uma ponte pênsil, que é sustentada por cabos e tirantes, mas faz o diabo, faz a gente atravessar em segundos estados imaginários.

Ilustra: Linn Olosfsdotter

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