segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Madonna
Fui ver la Madonna no Morumbi e, por uma dessas chacotas do destino, cheguei muito perto do palco.
Uma mão segurando a máquina, a outra encostando nas costas das pessoas. Fui desculpando-me pelo incômodo de desejar passar na frente, mas pedindo por favor para que me deixassem. Um rapaz não permitiu de jeito nenhum, virou uma parede de cimento daquelas que nem papel conseguiria mandar demolir.
Uma hora eu não sabia mais para onde estava indo, o peso da máquina só era menor que o peso do coração na boca. Tem policiais aqui? Céus! Era a segunda fileira.
A mulher pintada bem na minha frente, com seus cabelos frisados, as pernocas definidas, os olhos impecavelmente delineados. Dezenas de pessoas assistem ao show pelo visor de suas máquinas digitais emocionadas, gritando as letras em um inglês de deixar a professora da Cultura Inglesa orgulhosa. Há muitos, muitos homens. E todo mundo está sorrindo.
Um senhor simpático me levanta algumas vezes. "Depois você me manda as fotos? Quero fazer um pôster". Minha bateria está acabando, às vezes falha, testo se está funcionando fotografando o chão. Entre um click e outro, desligo, para economizar. Uso o ombro de um garoto como apoio para a foto não sair tremida enquanto procuro espaço entre os braços erguidos e as numerosas câmeras.
De repente lembro da hora. Eu sei que devo sair, mas a vontade é de ficar, esgotar as forças, derreter ali. Não pelo show, não pela Maduxa com seus passos ensaiados, hábil dançarina, a voz ora firme ora esganiçada e a inesgotável energia (tudo muito válido). Quando você se emociona com a platéia e não com a cantora, algo parece estar fora do lugar.
No dia seguinte voltei ao Morumbi sem a parafernália para ver, enfim, o espetáculo monumental, comer o último doce do bilionário pacote.
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Um comentário:
Linda foto, Nanitcha!
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