Começa a aula de flamenco com 15 minutos de atraso. Mais uma japonesa na classe, magrinha, bermuda da Puma, pé menor que 35 (dá para ver que os sapatos sobram no calcanhar). Ela não conhece Mieko, caiu na escola por acaso, e as duas começam a falar japonês e dão risadas como a da mulher do Daigo de A Partida (o melhor filme do ano até agora). A professora, um mulherão pernudo que pisa forte no chão com sapatos vermelhos, veste a saia, prende o cabelo dourado com um elástico de flor e liga o som. É a voz rouca de um espanhol que, depois de algumas aulas, já começa a soar familiar, um parente ainda distante.
Então uma das alunas corta o silêncio, interrompendo o alongamento de pescoço.
― Eu queria levar esse homem para casa.
E a professora responde:
― Só você, Antonia.
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