quinta-feira, 17 de junho de 2010

dosgostos


Eu gosto muito de tapioca. Eu não sei por que.
(porque tem cheiro de uma coisa tola deliciosa, açúcar cristalizado que virou chuva, travesseiro recheado de paina.
Eu gosto muito de renda. Eu não sei por que.
(porque carrega a sabedoria de mil aranhas em cada linha.
Eu gosto muito do brega. Eu não sei bem por que.
(me lembra insolência, petulância, braços abertos, um baú cheio de sim
Eu gosto muito de frio
(menos o frio da sua ausência).
Eu gosto muito de flores. Eu não sei por que.
(como todas as mulheres, cada dia eu gosto mais de uma flor
Mas tenho a minha preferida.
Uma vez, eu não sabia direito quem era, por isso me isolei numa tenda quente em Pedra Bela. Quando saí de lá, uma índia olhou para minha cara de medo derretido e disse: florzinha do campo. Meses depois, eu abracei uma garotinha valente que saía da tenda molhada e, sem pensar, disse: florzinha do campo.
Mas cheiro de lavanda me acalma.
Eu gosto de grampeador, grampear os papéis, mesmo que eles nem precisem uns dos outros.
Pieguice é ter paúra de escrever coração
Bocejar não é uma coisa muito legal
Se quiser que o soluço passe, diga alto o nome de sua fruta preferida. Eu vi que funciona.
Tem gente que soluça muito, tem gente que não soluça há seis anos, e tudo bem.
Sinto falta de algumas amigas, mas hoje é o aniversário da minha melhor amiga, que é uma grande mulher.
Não sei se alguma vez já me senti sozinha
Como Adélia Prado, ora sim ora não creio em parto sem dor
Dor e amargura são tão parecidas como listrado e xadrez.
Segunda-feira eu vou para o Rio de Janeiro.

3 comentários:

Isabela Mena disse...

ai, como eu gosto!

Anônimo disse...

Atemoia! Eu comi!

nana tucci disse...

anônimo, comeu? essa atemoia tinha donha!