quinta-feira, 21 de outubro de 2010

seguimos


Acaba a bateria do celular recém-carregado e o despertador não toca. A cantoria menos intensa dos passarinhos e o barulho mais intenso dos carros não deixam dúvidas: são mais de sete. Desço correndo as escadas do metrô Vila Madalena para chegar a tempo de estar junto dela.
Deixo-o no trabalho e vou para casa. Na porta, descubro que esqueci as chaves. Volto para buscá-las e, no meio do caminho, a água Minalba 200 L que estava no banco traseiro explode e começa a molhar o carro todo descontroladamente. Seguro a garrafa vazando com a mão esquerda para fora da janela, como se fosse um cigarro, e um motoqueiro me olha sem piedade.
E o calor, esse calor no rosto que frita as bochechas, só atrapalha tudo!
Pego a chave, almoço, chego em casa, abro uma coca-cola e sento no sofá em frente ao computador. Vejo o copo tombar em câmera lenta nos fios e cair em cima da mesa, molhando a toalha florida de Curaçao, a mesa de madeira, o tapete bege de Pernambuco.
Procuro diligentemente por uma explicação nos sites de astrologia: a lua está vazia, saturno está causando? Susan Miller?
Recolho da sala o tapete (que eu queria mesmo lavar) e penso que talvez seja melhor esquecer tudo e fazer uma boa limpeza, balde cheio d'água, esfregão, cheiro de banho tomado.
A hera ficou simplesmente deslumbrante no xaxim.
Cresci cercada de mulheres puras.
Não é tão ruim assim comer mamão de sobremesa.
Mesmo trabalhando, passar a tarde em casa com esse vento no rosto, barulho de maritacas comendo mamão lá embaixo, é tudo de bom!
Seguimos?

Ilustração: Kristina, uma indicação da Aninha

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