quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

verde


Decidi que, em dezembro, vou andar mais, nem que seja na pracinha perto de casa, nem que seja devagar - "para se ter vida longa, é preciso viver devagar".
Geralmente, quando estou escrevendo um post, parece que minha cabeça vira um ouriço de ideias, um espinho para cada lado, e é difícil escolher entre um ou outro assunto.
Quando você volta de uma viagem solitária de quase 20 dias, é como se sua cabeça fosse não um, mas milhares de ouriços!
Tenho vontade de contar da tarde em que comi coalhada com calda de goiabada no Seu Peschiera, em Monte Alegre do Sul. Da minha amizade efêmera com o pequeno Giovanni, neto do Nono Rouxinolli (a irmã nasceu, ele olhou para ela e disse aos pais: o nome dela tem que ser igual ao meu, Giovanna. e não é que foi?). Da aula grátis de disciplina dada pelo holandês Jan Eltink (se diz Ian), que há uns 60 anos desembarcou no Brasil em uma "terra esgotada" e, junto com outros holandeses, transformou-a numa espécie de Disneylândia das Flores.
Em Bueno Brandão - ou melhor, Campo Místico - depois de relutar um pouco contra o frio da água, me joguei na Cachoeira da Cascavel e tomei um dos melhores banhos da minha vida.
As pessoas se assustam, não é mesmo, com as coisas que de repente se apresentam para nós como as melhores de nossas vidas. Parece que o melhor da vida precisa ficar guardado numa caixinha de joias. E, sendo assim, você só pode usar essa joia em ocasiões especiais, por poucas horas.
Prefiro pensar que todo dia é especial, que eu posso desfilar com a aliança que foi de minha nonna num dia de trabalho em Maragogi. E, se por algum motivo perdê-la, foi porque tive de coragem de usar.
Sim, todos os dias são especiais, só que a rotina cansa. Acordar, jantar, pagar contas, temer contas, escovar os dentes, cansa. Mas se eu posso respirar tranquilamente esse ar que puxo para dentro e solto para fora...basta.
Por isso, já não preciso que você venha com pressa - nem se arrastando -, querido 2011. Chegue quando puder.
Neste dezembro, mês em que os ânimos costumam se exaltar, eu só quero caminhar...
Mesmo que seja com esses sapatos novos lindos tão vagabundos que no terceiro dia de uso rasgaram e neste momento só estão em meus pés graças a um rolo de durex que estava na bolsa. Me deixaram na mão no meio do evento vinífero, abriram a boca e me fizeram ter receio de parecer o pateta. Será que esse medo adolescente de parecer ridículo nos perseguirá fogos de artifício após fogos de artifício?
Ah, o ouriço de ideias...
Em Holambra, entrei nesses mercados enlouquecedores com flores de todos os tipos, mudas, vasos gigantes, tudo a preços muito convidativos. Normalmente, encheria o carrinho de flores amarelas e rosas, mas eu só conseguia chegar perto de...plantas. Saí de Holambra levando comigo somente elas, acomodadas pelo carregador no banco do passageiro: “Você vai bem-acompanhada” - era tudo o que eu precisava ouvir.
Fiquei espantada: como, em um lugar onde eu poderia ter todas as flores que sempre sonhei, orquídeas, lírios, gérberas, não escolhi nem umazinha?
É que, de repente, em meio àquelas flores todas, percebi como são bonitas as plantas. Olha o formato daquela folha, olha a cor amarelada daquela ali, o que é isso, um pinheirinho de Natal estilo bonsai?
Acho que a beleza incontestável de uma tulipa é tão fácil que esquecemos como é precioso um vasinho de azaleia.
E, principalmente, esquecemos que não tem problema se você preferir ser a azaleia.

2 comentários:

mel bornstein disse...

amiga,
fiquei cheia de orgulho quando vi as propagandas da 4 rodas com o seu nome! parabéns! saudades, mel

Renata Rodrigues disse...

"Prefiro pensar que todo dia é especial, que eu posso desfilar com a aliança que foi de minha nonna num dia de trabalho em Maragogi. E, se por algum motivo perdê-la, foi porque tive de coragem de usar"
LINDO LINDO!! Sinto falta de estar pertinho para absorver um pouco mais desse seu jeito delicado e tão alegre de ver a vida.