sexta-feira, 17 de junho de 2011

melado de cana com farinha


É amor verde.
Tá crescendo no pé, deixa a gente tomado por aquela alegriazinha de ver o rosa do limão lá de longe, da varanda da casa.
Amor verde, músicas desconhecidas e improváveis com as mesmas velhas notas.
Rapaz tocando viola caipira lá no fundo do restaurante gaúcho, e você sozinha comendo abóbora camarelada com arroz e feijão completamente excitada. Amor novo é solitário, pode-se viver um amor novo ao mesmo tempo, mas nunca junto.
Montes de borboletas juntas saindo pelos olhos, amor verde é avó, uma bemquerença de vó que te invade e faz você achar o mundo certo só porque às 20h30 nós chegamos e ela vai estar lá, com os olhos vermelhos de quem acabou de acordar.
Cheiro seu pescoço cheirando a nenê, beijo sua barriga com pelos curtos de gata borralheira e deixo que me faça carinho no rosto mesmo que em algum dia venha a me machucar com suas unhas afiadas.
Em segredo, às vezes lasco um pedaço de queijo meia-cura e te observo comê-lo com prazer e gula comedida.
Faz um movimento esquisito e absolutamente charmoso quando, durante a brincadeira de esconde-esconde, nós nos aproximamos.
Tem rinite e sabe-se lá por que, levanta-se do pé da cama e sempre vem espirrar perto de nossos rostos.
Antes de beber água, afunda a patinha e dá uma lambida nela, como se cheirasse a taça de vinho.
E quando três dias depois você conseguiu devidamente eliminar a fitinha do Bonfim roxa que comeu, chorei de alívio, alegria e raiva por Ó céus quanta preocupação. Essa parte da alegria eu não sabia.
Amor verde consegue ser doce, cremoso e vermelho. Porque é novo, e o que é novo pode tudo.
(graças a deus existem máquinas de lavar, banhos de mar, cachoeiras, tendas a vapor e abraços)
Amor destamanhado, amor novo é um desafio aos físicos, ache um recipiente aqui, em Roses ou em Marte que o comporte.
Amor novo não tem tamanho nem quantidade muito menos nome e, com esses olhinhos, precisa?
Mas tem gosto, e eu diria que hoje está pra leite condensado com nescau, pra citar uma guloseima burguesa, ou melado de cana com farinha, que esse é o certo, e esse post não podia chamar diferente.
Piuí-Abacaxi, nossa mais que amada.

Um comentário:

el pájaro que come piedra disse...

é a kate moss do mundo felino: parece sonolenta, mas tem planos para cada minuto do dia e da noite...