Dois dias em território capixaba, onde tinha pisado pela primeira e única vez há 11 anos, em janeiro do ano 2000. Praia da Barra, em Marataízes. Uma menina de regata rosa e branca tie-dye e coragem suficiente para dizer à amiga, as duas sentadas na beirada do pier balançando as pernas: não quero ficar aqui 15 dias, vou embora. E fui. E então que numa quarta-feira qualquer (não qualquer, véspera de Primavera e, segundo o colunista de vinhos, o dia mais bonito do ano em Buenos Aires, quando as pessoas distribuem flores & taças de champanhe). Voltei ao Espírito Santo. Conheci o belíssimo Vale do Mulembá, verde e molhado; apertei o pé escalando raízes do manguezal para fotografar de perto a casca do mangue vermelho se soltando com o macete; fui paciente com um taxista muito lesado. E de novo e como sempre saí da cidade pensando em como se pode viver longe do mar. Não precisa nem ser bonito (não era). Não precisa nem fazer calor (melhor que não). Almoçando moqueca olhando o mar, com o vento refrescando os ombros, senti como se estivesse num lugar exótico e improvável, mas era só Vitória. E pensar que eu já passei quase um mês em Alagoas e outro no Ceará e passei por lugares realmente exóticos e improváveis. Mas o coração batia em ritmo de urgência. Almoçar olhando o mar em Vitória, não, não tinha urgência, ou talvez tivesse, mas eu não tinha, eu cada vez menos tenho. Só uma. Não tem aquele poema do Eugenio de Andrade? (...) é urgente permanecer.
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