Há quatro anos eu descia do táxi no Frangó, com vestido de seda florido e cinto marrom, os cabelos curtos e o coração na boca. Liguei para ela parada na porta e disse: eu não vou. A barriga com mais frio que homeless nas esquinas de Nova York (e eu nem conheço Nova York). Eu fui, claro. Era covardia, ele teve a chance de se anestesiar um pouco com cervejas finas dos monges. Nunca tínhamos trocado mais de quatro frases, e profissionalmente. Eu só conhecia sua voz por causa das reuniões de pauta que assisti no mês de outubro, quando a editora tirou férias. Lá pela quarta garrafa de cerveja ele disse: você tem ombros lindos. E eu pensei 'que homem repara nos ombros de uma mulher?'. De pé em frente ao balcão, acertando-se a conta, delicadamente contornou com um dos braços a minha cintura. É possível que tenhamos saído do restaurante de mãos dadas, mas só me lembro de estar de repente frente a frente na porta da Igreja de Nossa Senhora do Ó. O beijo. Abri os olhos no finzinho para garantir – é real e está acontecendo.
Era impossível acontecer, era impossível não acontecer.
Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva.
foto: anéis da loja de Omar, em Jerusalém
2 comentários:
que lindo! <3
Doce Nana, consegue ser a última romântica aos seus tão poucos anos.
Imagino embora não seja essa ou aquela crença, que renasceu.
PARABÉNS QUERIDA
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