Provérbios são um perigo porque são tentativas de condenar exceções, fazer com que as pessoas andem em fila única, criar uma só regra em um mundo em que não há um ser com a mesma impressão digital que outro. Muitos são machistas, preconceituosos, datados e incentivam o servilismo.
Mas... há outros que afagam, traduzem, orientam. Afinal, tenho com provérbios bastante intimidade, carrego minha cruz: faço o download gratuito e automático deles da mesma maneira que a boca desobediente amortece de desejo quando vejo alcachofras.
É o caso de "você vem atrás" (em dialeto barês é algo como dret mi vine), e significa "vai chegar sua vez", meu amor, você também vai fazer 30 anos e passar noites em claro pensando como é que vai fazer para pagar a prestação da casa.
É o caso de "faça o bem e durma", "melhor ficar vermelho de uma vez", "nunca fica mais escuro que meia-noite". É o caso de "o não já está dado" - essa eu repito muito, e quase ninguém entende.
Aí passo na livraria e vejo o livro Mamas Sicilianas, de Giuseppina Torregrossa, leio as duas primeiras linhas e já estou convencida de que vou levar. Era para ser a história das minne sicilianas, cassatas em forma de...seios, ou tetas, a tradução literal de minne. Mas acabou que me levou aos provérbios do sul da Itália de onde eu vim e onde nunca estive.
Ainda faltam 100 páginas, mas por enquanto meu preferido é este:
"Se houvesse, se pudesse, se fosse eram três bobos que andavam pelo mundo"
E aí, pai, o que me diz?
foto: Bellatorres, em Santa Catarina, na divisa litorânea com o Rio Grande do Sul.
foto: Bellatorres, em Santa Catarina, na divisa litorânea com o Rio Grande do Sul.
2 comentários:
"quello che il bruco chiama fine del mondo il resto del mondo chiama farfalla"
(Aquilo que a lagarta chama fim do mundo, o resto do mundo chama borboleta)
Lao Tsé
lindo!!!!!!!
vou enviar pra suas tias!
bacio
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