quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Parto
Antes de dormir, resolvi fuçar umas pastas antigas que ficam na última gaveta do armário. Escolhi a azul. Eu sei tudo o que tem dentro de cada pasta, mas às vezes é bom me lembrar.
Fui virando os plásticos velhos, alguns rabiscados, e tirei de um deles um papel pequenino onde estava escrito, com caneta cor-de rosa e letra de forma meio torta: sonhos.
"No dia 29/12 eu sonhei que meu cabelo estava sendo arrumado por uma moça que ainda não descobri quem era. Eu pensei que meu cabelo não ia ficar tão comprido, mas ficou e eu estranhei, mas fiquei feliz. Eu pensei que ficaria liso, mas ficou todo ondulado, mesmo assim gostei".
Eu achei a maior graça. Tinha mais outros dois sonhos anotados e depois, numa outra folha, as duas unidas por um grampo enferrujado, uma data. São Paulo, 23 de setembro de 1999. Embaixo, eu começo a contar que há tempos gostaria de escrever um diário, mas que só naquele momento, "agora, às 10h56 da noite", tinha decidido começar. Então explico os três motivos que me convenceram a deixar a preguiça de lado e passar a documentar no monobloco morning glory o dia-a-dia da garotinha de 13 anos.
Motivo número 3: "Imagina que legal eu, quando ficar mais velha, reler tudo o que escrevi? Se bem que eu vou me achar uma bobinha...é sempre assim...a gente vai crescendo e, a cada ano, a cada dia que passa vai aprendendo algo novo, aí quando lembra do que achava há algum tempo, pensa: 'como eu era criança'. E não tem jeito ― isso não muda. A cada ano que passa a gente se acha mais experiente. É, até que de certa forma isso faz sentido".
Ô garota, me emocionei.
Fica aqui, nesta raspa de ano 2008, a tentativa de documentar agora as coisas que se passam dentro da moçoila.
Que se tornem bobas, mas continuem frescas.
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Um comentário:
espero que aquela garotinha tenha sonhado um sonho que, em algum momento, tenha uma interseção com o sonho de um certo garotão...
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