terça-feira, 5 de outubro de 2010
costa carvalho
Caminhando pelas ruas de Pinheiros, segurando a saia pra não voar, segurando a vontade de parar para comer um brigadeiro ou de simplesmente parar. Na porta de uma das casas sobreviventes no bairro de prédios a la Ruy Ohtake tem uma senhora. De gorro e malha daquelas gostosas que fazem a gente ter vontade de estar na casa da tia Célia em algum dia dos anos 90. Uma das mãos apoiada no portão, a outra solta, o olhar perdido na rua. A cena é tão bonita que quero registrá-la com a câmera do meu celular (e faz tanto tempo que eu não fotografo). "Posso?". Por quê?, ela quer saber. "Ah, eu sou fotógrafa, e queria fazer um retrato da senhora, que está bonita". Não, ela diz. Eu dou um sorriso e concluo, como que para não criar um mal estar: "Não gosta de fotos, né? Tudo bem...". Tudo bem nada, caramba, era só uma foto. Mas, espera, a pessoa tem direito de não querer, certo? Que vergonha ter recebido um "não", será que alguém viu? A cabeça vai à mil, e eu só saí para almoçar uma empadinha no Pirajá. Às vezes parece que a vida toda não passa de uma monólogo, como A Alma Imoral, de Clarice Niskier - só que sem ninguém na plateia.
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2 comentários:
NAO ACREEEEEEEEDITO QUE VC COLOCOU!!! COMO VC TEM ELA? eu pedi pra moca da cantina um medaco da manga haahahaha!
furtei do seu facebook, pequenininha!
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