sexta-feira, 1 de outubro de 2010

minhas lembranças suecas


Junho de 1994 – A seleção brasileira de futebol enfrenta a Suécia em uma ardida semi-final da Copa do Mundo. Romário faz um gol de cabeça para alívio de outras milhões de cabeças da América do Sul.

Julho de 1997 – (1) Estou em um acampamento em Cincinnati, Ohio, EUA, com cerca de 50 crianças do mundo todo. Sinto muita saudade de casa e choro todas as noites agarrada a meu hipopótamo de pelúcia e a um pequeno terço de madeira. No meu quarto tem uma menina sueca cujo apelido é Charlie que parece ter o dobro da minha idade e o dobro da minha altura. Tem sorriso de atriz do seriado teen Seven Eleven. Certa noite, eu ofereço uma Chocolícia que ela come como se nunca tivesse visto antes uma bolacha na vida. Fico muito feliz.

(2) No último dia do acampamento, as crianças trocam entre si roupas típicas de seus países que usaram durante a chamada “noite nacional” – cada grupinho tinha um dia para mostrar aos outros um pouco de sua cultura, e isso significava basicamente preparar alguma comida e botar pra tocar alguma música (os dinamarqueses serviram uma bala horrível e a monitora do grupo passou com um lixão pra todo mundo cuspir fora). Eu e uma menina sueca loira, magra e inexpressiva trocamos nossas roupas, mas ela não me dá a camisa branca que usa por baixo do vestido azul e amarelo. Eu digo que sem isso pego minha roupa de frevo de volta, e destrocamos. Ela fica muito emburrada e eu troco minha roupa por uma muito mais bonita - a da menina norueguesa.

Setembro de 2010 – (1) Vou ver Anna Von Hausswolff tocar teclado na choperia do Sesc Pompeia. A menina, loira branca, está vermelha e tem uma voz de assustar crocodilos e espantar urubus. É das mais potentes que já ouvi. Acaba o show e ela vem ao nosso lado, escoltada por sua dupla de músicos, assistir à próxima apresentação. Tem menos de 1,60 de altura, usa shorts de surfista e, ele tinha razão: é absurdamente linda, carrega nos olhos o sol e a lua.

(2) As gêmeas Miriam e Johanna, do Taxi Taxi!, deixam o público embasbacado no teatro de duas plateias do Sesc Pompeia. Johanna canta com a garganta, o peito, o nariz, as pernas tortas. Sua guitarra Gibson dourada é maravilhosa. A irmã tem um cabelo corajoso, é magrinha e corcunda, eu poderia ficar ouvindo sua voz a noite toda, toca piano e ajuda Johanna a ter auto-confiança através de piscadelas e batidas de pé. Não sei definir a música dessas fadas suecas, só sei que assim como a Stacey Kent elas também conseguem vertiginosamente derreter icebergs (mesmo que não faça mais tanto frio na Escandinávia).

Foto: Anna, por Gary Landström

2 comentários:

el pájaro que come piedra disse...

tu me manques...

Rach disse...

setembro de 2011? que previsão!