sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

minha honey, baby


Eu fui comprar grampos Teimosão quando a vi entrando na farmácia. Não estava tensa, só um pouco incomodada. Foi direto ao balcão dos remédios - o corredor nunca pareceu tão longo, aumentaram essa porra? - e pediu:
- Tem teste de gravidez?
A mulher respondeu "sim, R$ 10".
- É seguro? - perguntou, segura.
- 99%.
Grampo Teimosão - O Grampo Para o Cabelo Teimoso, achei. Continuei observando-a de rabo de olho. Pediu a chave do banheiro e a mulher respondeu "no caixa", com ar farmacêutico indiferente.
Ela digiriu-se ao caixa (sem mexer no cabelo, sem coçar os olhos, sem tocar no celular) e eu fui atrás, pagar os grampos.
A funcionária de olhos bem delineados cobrou os 10 reais e se intrometeu:
- Você quer que seja sim ou não?
A farmácia ganhou ritmo de novela e eu fiquei ali olhando para as duas, sem disfarçar mais.
- Não.
- Quando eu fiz, eu também queria, mas...hoje ele tem 2 anos e meio.
- E deve ser a coisa mais linda do mundo, né?
- E quanta dor de cabeça...Bom, quando vier devolver a chave do banheiro, me conta.
Uma senhora com semblante de buldogue e cabelos pretos ralos ouviu a conversa e certamente imaginou "coitada, está grávida, veio fazer o teste sozinha no banheiro de uma farmácia e a primeira a saber da notícia vai ser a mocinha do caixa".
Quando eu lutava contra o durex da caixinha de grampos, ainda a vi perder-se pelos corredores a procura do banheiro. A funcionária sussurou algo para a colega, mas não consegui ouvir. Só enfiei um grampo no cabelo e embarquei no metrô Consolação rumo ao Paraíso, no melhor dos clichês oh, minha honey, baby.

"Eu vou descendo
Por todas as ruas
E vou tomar aquele
Velho navio
E vou tomar aquele
Velho navio
Aquele velho navio..."

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