segunda-feira, 3 de outubro de 2011

um pouco mais de paciência

Carlinhos encontrou a canoa cheia d'água e, com um pedaço de garrafa improvisado que me lembrou aqueles potes cônicos que usamos para pegar pó de café e arroz, pôs-se a esvaziá-la. Agachado, e eu de pé, olhando. Pensei que o utensílio era pequeno demais para esvaziar uma canoa cheia e quase impacientemente sugeri que tentasse achar um outro mais diplomado, talvez um balde? Mas, congelada naquele quadro - o manguezal, o homem pintando a canoa de trás, o barco para seis pessoas tão amado por Carlinhos estacionado ali ao lado,  o sol dourando o novo galpão asséptico das paneleiras -, não consegui dizer nada. Ficamos os dois ali uns 7 minutos, eu de pé e ele agachado. E de tudo que vivi em Vitória em longos um dia e meio é curiosamente esse o momento que mais me vem e me volta à cabeça uma semana depois. Eu vi naquela canoa uma tempestade, ele viu uma chuva de verão.

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