terça-feira, 20 de julho de 2010

o mary


Até nos momentos felizes - quando consegue fisgar o vizinho grego Poulopoulos, quando finaliza um projeto na universidade e se destaca no Olimpo dos óculos tortos - Mary não parece feliz. É como se ela tivesse passado a vida toda em frente ao espelho passando fio dental. Max sua igual lata de cerveja em Jericoacoara ao ser indagado pela garotinha sobre o que é o amor. E, para compensar, come compulsivamente pães recheados de barras de chocolate (isso porque nunca provou pão francês mergulhado em leite condensado). Lá pelas tantas, no cinema, ele virou e disse: “reparou que praticamente tudo é branco e preto, menos o pompom vermelho que ela deu pra ele?”. Como eu pude não reparar? Pelo trailer, eu imaginava que o Max era um escritor famoso e que a Mary resolveu escrever pra ele porque gostava de seus livros, essas histórias hollywoodianas que a gente cria na própria cabeça. Quando Max começou a listar suas ocupações, eu pensei é agora, é agora que ele vai dizer “foi então que aconteceu uma coisa fantástica e escrevi um livro”. Nada. Pior é que acontece mesmo uma coisa fantástica na vida de Max – daquelas Top Five no trenzinho de nossas listas de Natal. O que assusta em Max & Mary não é a excentricidade dos personagens, é a assustadora familiaridade.
Eu não tinha reparado no pompom vermelho. Que merda é essa, a gente se acostuma a uma vida em preto e branco?

2 comentários:

Ana Elisa Faria disse...

O Mary! Amei muito, Naneto.

beijocas.

nana tucci disse...

Hermeto, foi por sua causa que fiz tanta questão de ver o filme!