quarta-feira, 9 de março de 2011

lucidez em calda


Só o nonsense salva. O ataque de riso de Taburin, o melhor mecânico de bicicletas de Saint-Céron, e seu amigo fotógrafo Figure na cena final de Raul Taburin, mais um livro magistral do Sempé.
O paraíba perseguindo um cavalo numa estrada vicinal em Socorro - ele parou o carro no meio do asfalto e começou a correr atrás do cavalo, que de alguma forma se perdeu do dono e foi parar na estrada. Eu perguntando séria mas como você vai pegar o cavalo? e ele não sei, eu filmando com o celular o cavalo galopando, som de vento, ferradura estalando no cimento, e a gente rindo. Ele ficou com medo que o bichinho se machucasse. Eu explicava "mas, homem de deus, o cavalo entrou num cercadinho, tem até outros cavalos lá, ele vai ficar bem".
Sossegou apenas quando cruzamos um sujeito com o carro estacionado no acostamento inclinando o pescoço para dentro do mato. "Você perdeu um cavalo branco?". A pergunta era absurda, a situação toda era absurda. E o melhor é que era o dono do cavalo. Ele e a mulher nos seguiram e, como forma de agradecimento em fartura, ofereceram um queijo em sua casa, que era ali perto. "É um bom cavalo", ele repetia. Eu queria saber se tinha nome, e o paraíba ralhava comigo, onde já se viu animal na roça não tem nome.
O banco de madeira que viajou de Urubici para Joinville, Joinville para São Paulo, e chegou bem em um dos lugares mais incólomes da cidade, a Feirinha da Madrugada do Brás.
Corujas na praia, pessoas carregando garrafas térmicas na praia, para o refil do chimarrão, oito homens empurrando meu carro no bairro de São Bento em Criciúma, corucacas no telhado, a maior araucária do mundo que sobrevive há 900 anos com um enorme rasgo no tranco, e ainda produz pinha, descobrir na Feira de Antiguidades do Masp que existiu um fotógrafo Tucci.
Pé de maçã. Maçã não é pra dar em pé, maçã nasceu pronta, vermelha com cabinho, maçã é roupa passada em cima da cama, é a Lady Di das frutas.
A garota que não sabia o que era peito de peru, e horas depois se lembrou, "ah! você disse peito de peru?", e a gargalhada que compartilhamos.
Quando eu morrer, quero que seja nonsense. "Mas, morreu, desse jeito, nesse dia?".
Amo nonsenses tão senses. Mais que doce de leite.

Um comentário:

Anônimo disse...

posta o cerco ao cavalo no youtube!