quarta-feira, 23 de setembro de 2009

quebra-nozes


Quebrei a geleia, espatifou-se. Olha só o que eu trouxe! Tinha comprado também um saquinho de pão português. Geleia de morango com champanhe, que cuidadosamente escolhi depois de uns 10 minutos examinando a estante do mercado. Laranja, gengibre, marmelo, sítio do picapau amarelo. "Não se preocupe, setembro anda mesmo parado, tudo emperrado, em outubro melhora", eu disse, e imediatamente o pote escorregou da mão. Não foi um tombo escandaloso, foi até elegante, barulhinho contido. Agachei. É um pote de geleia de morango que quebrou ou um coração gelatinoso em cacos? "Agora já era", alguém avisa. Não, ainda dá, e separo a parte que ficou de costas para o chão depois da queda, brilhante como uma goiabada cascão de colher de Miguel Pereira. Num copinho de plástico está o que sobrou da geleia inglesa de morango com champanhe. Eu a experimentei em segredo quando fui ao banheiro lavar as mãos mas, com receio de me machucar, não consegui sentir prazer, cuspi. Vinte minutos depois, senti um caco na língua. Tudo é tão previsível como o céu no primeiro dia de primavera na cidade onde eu nasci.

Um comentário:

Nina disse...

Gêmea, você continua encantando com seu dom de criar poesia onde a gente pensa que não existe!
Calanga está nos links que acompanho do Conta que eu Conto, minha cria!
Passa por lá também!
Saudades sempre!
Nina!