terça-feira, 31 de março de 2009

Com licença poética


Porque nunca nenhum gibi ficou latejando na minha cabeça como Watchmen. Justo esse cuja versão cinematográfica fui assistir da maneira mais despretensiosa possível; não tinha ideia do que se tratava. A ausência do maniqueísmo barato é um soco na pontinha afiada do estômago, daqueles que te deixam tonto como duas taças de um vinho alcoólico em excesso. Até agora vejo a expressão oca do Dr. Manhattan, sua angústia azul-cristal. O homem mais sábio do mundo é na verdade um atrapalhado, lastimoso, uma criança rodeada dos mais sedutores presentes sem nenhum amiguinho com quem brincar. Joga peteca sozinho, no teto, chuta a bola no muro. Falta a Manhattan, como Virginia Woolf escreveu lindamente, a amendoada certeza de que a vida não é uma série de faróis simetricamente arrumados, a vida é uma auréola luminosa, um envelope semi-transparente nos surpreendendo desde o início da consciência até o final.

2 comentários:

Ana Elisa Faria disse...

Ai, adorei, Naneto!
Nossa, que coincidência. Comecei a fazer hoje um post sobre Watchmen. Acabei de ler os quadrinhos no domingo e foi uma experiência bem legal. Gostei!

beijocas!

Isabela Mena disse...

lindo como sempre!