quinta-feira, 23 de julho de 2009
Meu nome é este
Retirava do canto esquerdo da bolsa um antigo cartão quando lhe perguntavam seu nome. Detestava a ideia que o escrevessem errado, detestava ter de pronunciá-lo lentamente, da maneira mais fulgente possível, e ouvir do outro lado: "Como? Com o que?". Mas não quando perguntavam qual era sua graça. Daí guardava a ranzinzice para quando tivesse de enfrentar telefonistas das operadoras de celular e abria um sorriso do tamanho do Vale do Paraíba: meu nome é este. Ainda sorria de novo quando alertava 'ó, é com dois emes'. E se estivesse muito de bom humor (geralmente acontecia em dias frios) até contava uma historiazinha sobre o nome ou comentava como é difícil isso que está acontecendo ali, você não acha? E de tanto que sorria é óbvio que ninguém acreditava que estivesse achando tudo mesmo difícil. Tem um nome para esses momentos de felicidade sem crediário? E para esse cansaço que às vezes multiplica os anos e dilata o passo? A gente devia ter vários nomes, um pra cada uma das vidas que a gente vive no mesmo dia.
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